Paulo Henrique Saes, 52 anos é jornalista, instrutor de mergulho e cinegrafista sub-aquático. Mais do que isso! Um exemplo de superação. A prova viva de que com determinação e disciplina é possível vencer todos os desafios. Separado, mas com dois filhos: Fabiana, 30 anos e Guilherme, 26, Paulo descobriu na força da fé, o caminho para conduzir a sua vida da melhor forma possível. De fato, foi por meio de um trabalho intenso com o seu próprio corpo, que nosso entrevistado conseguiu chegar na sua melhor forma física.
Acompanhe agora, a emocionante história de vida deste homem que superou todos os seus limites para poder sobreviver e viver em sociedade.
VJ – Paulo, hoje você é um atleta, mas no passado sofreu com a obesidade. Como era sua vida durante o período que era obeso?
PS – Eu era um obeso mórbido com IMC de 65,4 e 194 kg. Após 20 anos de luta contra obesidade, com regimes mirabolantes e frequentando diversos spas, percebi que estava perdendo essa luta. Fiquei mesmo muito doente e com várias comorbidades. Tinha dificuldade de fazer minha higiene pessoal, já que meus braços ficaram curtos e minhas nádegas enormes. Sexo? Nem pensar! Eu não enxergava minha genitália, pois as banhas da barriga e pernas tampavam tudo. Me sentia completamente aprisionado, sufocado pela obesidade. E tudo isso acontecendo e eu sofrendo calado, afinal, a sociedade não está definitivamente preparada para entender que, a obesidade, é uma doença perversa e mortal. Por causa do politicamente correto, a obesidade é considerada como uma opção de vida e não uma doença a ser combatida. Como um gordo (obeso) pode estar doente? Para as pessoas normais os gordos (obesos), são pessoas felizes, vivem sorrindo, divertidas, alegres, adoram uma festa e no meu caso com uma agravante, eu era um celebre executivo. Tornei-me presidente de entidades classistas e internacionais, como presença constante na mídia e nos melhores eventos. A grande verdade é que a cada dia eu me isolava mais e cometia orgias gastronômicas, alcoólicas e tabagistas e ainda não admitia que já estava doente, mais já estava entrando em depressão, com desânimo, tristeza profunda, mau humor e uma terrível falta de prazer em realizar as tarefas que mais gostava.
VJ – A que você atribui o aumento desenfreado de gordura no seu corpo? Como você fez para reverter isso? Você teve de passar por cirurgia de redução de estômago?
PS –Em 2000 aos olhos das pessoas, eu estava muito feliz e no auge de minha carreira profissional, no entanto, estava sofrendo muito e a ficha estava começando a cair. Embora não admitisse que eu era um doente, precisava fazer alguma coisa. Foi quando tive as primeiras informações sobre a cirurgia bariátrica e não gostei nada, pois era uma cirurgia de risco. Passei o ano de 2000 e inicio de 2001 lutando comigo mesmo para se conscientizar que eu era um doente. De 2000 a meados de 2001 fiquei nesse dilema! “Tendo que emagrecer.” Mas sem pensar em fazer a cirurgia bariátrica. Vocês já devem imaginar o que ocorreu. Engordei mais. Resolvi ir a um médico amigo, para conhecer sobre a cirurgia bariátrica. Com muita gentileza e delicadeza o Dr. João Manoel de Carvalho, clinico geral e homeopata, me explicou o que era a cirurgia bariátrica e solicitou uma bateria de exames médicos. ”Com o perdão da palavra e já me desculpando” eu estava “fodido”! Eu parecia a letra da musica dos Titans “O Pulso”. eu tinha um corpo portador de muitas comorbidades. Era um vivo morto, angustiado, depressivo e 194 kg de peso. O fato é que o Dr. João Manoel me fez enxergar aquilo que era obvio e ainda não admitia: Eu virei um quadro de risco ambulante e tinha que tomar uma decisão. No segundo semestre de 2001, comecei a fazer o meu milésimo regime. A diferença é que eu já tinha consciência do meu estágio avançado de morbidade e ainda assim morria de medo de fazer a cirurgia bariátrica.
O regime continuou em 2001 e 2002, entre altos e baixos. Estava perdendo o peso, mas sabia que, se me descuidasse, engordaria tudo de novo. Então eis que surge uma luz no final do túnel! Nos EUA, tinha “um tal de balão gástrico” que poderia ser minha salvação. Por ora, posso dizer que o balão me ajudou a emagrecer, mas foi uma medida paliativa.Depois da retirada do balão gástrico, fui fazer a cirurgia bariátrica com muito medo de morrer. Em meu livro e documentário, faço questão de discorrer sobre qual o tipo de cirurgia que fiz e quais sequelas ficaram. A cirurgia bariátrica (cirurgia do estomago) é uma cirurgia que amputa e muitas vezes mata, alem de deixar sequelas para o resto da vida. Por isso escolha muito bem o médico e o tipo de cirurgia bariátrica mais adequados para o seu caso. Passados seis meses da cirurgia bariátrica, fiz a cirurgia plástica, para remoção do excesso de pele e gordura.
Como pode um ser humano se submeter a tal agressividade: a amputação de sua carne. Evitem isso, pois dói na alma.
Entre duvidas e certezas na tomada de decisões mais radicais como a colocação de balão gástrico, cirurgia bariátrica e cirurgia plástica, corri os riscos de varias anestesias gerais e mais cirurgias. Oba! Sobrevivi.
Normalmente este ciclo deveria estar completo, seria apenas adequar a nova vida com as limitações gastronômicas e suplementares. Ledo engano! A vida ainda me reservaria muitas surpresas e me colocariam a prova novamente. Com profunda tristeza, faço um breve relato de minha maior dor:
Existe um dito popular que diz: “Filho de peixe – peixinho é!” Pois é!
Minha filha, minha companheira de vida e de mergulho, desde 7 anos de idade que conviveu com meus maus hábitos, teve em seu ídolo o mau exemplo. Estava obesa mórbida e iria correr os riscos de uma cirurgia bariátrica. Eu nada podia fazer. Ó meu deus! Como é difícil para mim, falar sobre isso. O choro de um pai que ignorava os riscos que estava expondo seus entes queridos. Se existe dor imensurável é a dor de ver minha filha entrando na sala de cirurgia e correndo riscos. Como dói imaginar a perda de um filho. Queridos pais, avós, familiares… não sofram o que sofri! Não exponham seus entes queridos a risco algum. Nó nas tripas. Com a mudança de meus hábitos alimentares, por um certo tempo, me policiei também com o tabagismo e o alcoolismo. Mas bastava ter algum estresse que lá ia eu bebericar alguma coisa e como não comia, ficava bêbado mais rápido, em uma clara substituição da compulsividade pela comida para o excesso de álcool.
Fato esse que foi se agravando e me fazendo engordar novamente e, sem eu esperar, tive um “piripaque” e fui internado as pressas e após 24hs de vômitos constantes, os médicos não identificaram o que eu tinha e foram obrigados a abrir meu estômago novamente, lá estava eu sendo colocado a prova. Não sou gato, mas o meu número de vida, já estava diminuindo. Quando voltei da cirurgia, parecia uma árvore de Natal! Tantos eram os fios e tubos pendurados em mim. Nesse momento, ainda não sabia onde estava, se no céu, inferno ou vivo. Quando recobrei a lucidez, fiz uma promessa: “Lutaria com todas as forças para recuperar minha saúde e dar exemplo para meus entes queridos e pessoas necessitadas, que é possível com determinação, disciplina e amor próprio, fazer seu próprio destino.
VJ – Você está escrevendo um livro sobre o sucesso alcançado no seu corpo. Já tem um editor?
PS – O livro que estou escrevendo chama “Paulo Saes – Da obesidade mórbida ao pódio” e também estarei pleiteando no Livro dos Recordes = Guinness Book, a maior transformação de gordura corporal em músculos.
VJ – Qual a previsão de lançamento?
PS – A parte escrita está no final. O que está faltando é patrocínio para minha evolução física e uma editora para o lançamento.
Muitas portas já se fecharam aos meus pedidos de patrocínio, por esse motivo estou vendendo um imóvel para concluir o projeto.
VJ – Qual é a sua rotina de exercícios?
PS – Eu treino 11 vezes por semana, divididos em 5 treinos de musculação e 6 treinos aeróbicos
VJ – Como é a sua dieta?
PS – Minha dieta é de aproximadamente 4 a 5 mil calorias diárias. É dividida em 6 refeições, basicamente feitas de carbo-hidrato de digestão lenta e proteínas de digestão rápida, frutas, legumes e muita água. Em função do deficit nutricional permanente que tenho, fruto da amputação de 2/3 de intestino delgado, tenho que tomar muitos polivitamínicos, suplementos alimentares e como estou na andropausa, faço reposição hormonal.
VJ – Toma algum medicamento, anabolizante ou vitamina? Quais seriam?
PS – Bimestralmente faço uma bateria de 33 exames laboratoriais para definir quais suplementos e reposição hormonal devo utilizar para minha evolução.
VJ – O que você acha da prática de uso de anabolizantes?
PS – Sou contra a utilização indiscriminada e sem acompanhamento médico. Existem muitos casos conhecidos que o Pittibull virou Lesse, afinal os homens, pela vaidade ou vigorexia, tomaram EAA = Esteroides Anabolizantes, andrógenos sintéticos e perderam a virilidade porque não fizeram o TPC = terapia pós ciclo de EAA, da mesma forma as Lesses viram Pitibull. O uso indiscriminado de EAA pela simples vaidade, pode deixar sequelas irreversíveis em vários órgãos e podem matar.
VJ – Você acredita que o seu sucesso pode ser aplicado para outras pessoas que enfrentam o mesmo problema de obesidade?
PS – Estou construindo um sonho! Contribuir com a conscientização de que a obesidade e sedentarismo é uma doença a ser combatida e não uma opção de vida, será a realização de um sonho. Sonho que me faz sentir prazer de realizá‐lo, que está tornando realidade tudo o que aprendi. Sonho maior que meu ego e irá beneficiar outras pessoas. A busca da realização desse sonho, dá mais sentido a minha existência. É meu projeto de vida. Sei que levarei esperança de dias melhores e motivação para muitas pessoas.
VJ – Você já participou de competições de fisioculturismo? Qual a posição alcançada?
PS – Ainda não participei de nenhum campeonato de fisioculturismo…os atletas são profissionais, alguns com mais de 30 anos no esporte. Mas é possível disputar se conseguir patrocínio, pois dependo de profissionais qualificados, das áreas de nutrição esportiva, medicina do esporte, exames laboratoriais e médicos específicos.
VJ – Qual os principais conselhos que você dá às pessoas que estão acima do peso? Em são josé dos campos ou mesmo no vale do paraíba, existe uma associação ou organização para o combate à obesidade que você faça parte?
PS – Não participo diretamente de entidades, faço algumas palestras de orientações e motivação para algumas instituições, hospitais e industrias da região. Que acessem meu Facebook. Lá tem mais de 100 artigos que escrevi, dando dicas e orientações às pessoas, além de 28 vídeos da minha evolução.
Paulos Saes – da obesidade mórbida ao pódio
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