Para quem não o conhece, Freddy Vanderstappen, 32 anos, poderia ser considerado simplesmente um bon vivant. Morando na praia, vivendo aventuras e praticando meditação todos os dias, faz desse jovem, um exemplo de disciplina e um modus vivendi mais saudável.
Fisioterapeuta com pós em Acupuntura, RPG e Pilates, Freddy é instrutor de Yoga em Caraguatatuba e conta com exclusividade para o Vale Jornal, a importância da prática em sua vida.
VJ – Fred, para você o que é Yoga?
FV – Um Caminho.
VJ – Como foi que você começou no caminho da Yoga?
FV – Depois que me formei, estava à procura de mais uma ferramenta para usar com meus pacientes e alunos em que eu pudesse reabilitar com o uso do movimento corporal. Em 2010, soube do espaço de Yoga São Francisco. Fiz o curso de instrutor com Deni Galdeano e pronto: Uma porta se abriu.
VJ – A prática da Yoga mudou a sua vida? Explique para nós, como se deu esse processo?
FV – Esta mudando. Com mais clareza de pensamento você passa a analisar melhor suas ações e percebe que ao mudar algumas delas a vida toma outro contexto.
VJ – Muito se fala sobre o poder da Yoga e como ela pode transformar o mundo em um lugar melhor. Como você vê este fenômeno?
FV – A mudança é interna. Todos sabem disso. As pessoas saíram às ruas para pedir um país melhor e continuam dando um jeito de receber alguma vantagem. Seja furando uma fila, usando produtos feitos por mãos escravas, comprando produtos contrabandeados ou roubados. O jovem usa a droga que ele comprou do traficante, enquanto caminha na passeata contra a violência. O Yoga é um caminho de autoconhecimento. E toda mudança começa de dentro, de dentro de cada um.
VJ – Você é instrutor de Yoga na Impacto Zen, em Caraguatatuba. Quando você começou a dar aula e o que representa cada um de seus discípulos na sua vida?
FV – Em 2011. Uma responsabilidade muito grande. Sei que apenas alguns vão se interessar em se aprofundar na filosofia Yoga, mas sei também, que para todos, devo servir de exemplo.
VJ – Qual é a proposta da Impacto Zen e o que mais ele oferece para quem busca qualidade de vida?
FV – Há uns 8 anos, tive a ideia de criar um espaço de reabilitação que visasse a saúde, a pratica de esporte e a movimentação do corpo. Via o tratamento fisioterápico muito ligado a doença, ao passivo, ao estático e aos aparelhos. Estava cansado de tratar joelhos, colunas e músculos. Percebi que deveria influenciar na mudança de hábito das pessoas. Quando surgiu a oportunidade de realizar meu sonho, tive a sorte de encontrar minha sócia Luciane, que abraçou a ideia e assumiu a responsabilidade de criar um serviço de personal trainer de ponta. Estamos caminhando para o terceiro ano e os serviços estão aumentando cada vez mais. Hoje oferecemos atendimentos de Acupuntura, Fisioterapia, aulas de Pilates, Yoga, personal trainer para treinamento físico personalizado e grupos de atividade física outdoor.
VJ – Onde mais você gosta de praticar Yoga?
FV – Yoga não são os asanas (posturas corporais). A prática é constante. Mas eu sei o que você quer saber. Em casa.
VJ – O que traz paz em sua vida?
FV – Legal esta pergunta! Equanimidade. Descobri esta palavra à pouco tempo e neste último ano comecei a experimentá-la. Não é difícil estar em paz quando tudo vai bem. Mas e quando as coisas não vão bem? Em junho deste ano eu estava no auge do meu condicionamento físico. Esta trabalhando muito, surfando muito, correndo, pedalando. Estava me sentindo o pica das galáxias. Fui andar de skate com um amigo, caí e literalmente o meu mundo desabou. Três hérnias de disco que estavam lá quietinhas na minha coluna lombar, começaram a me dar trabalho. Quatro dias de cama sem me mexer, dois meses sentindo dor a ponto de não conseguir andar 50 metros. Passei alguns meses indo da cama para o trabalho e do trabalho para a cama e esperando para saber se precisaria operar a coluna. Vi meus músculos atrofiando e minhas pernas ficando fracas. De uma hora para outra um problema de saúde estava me impedindo de trabalhar, de realizar meus esportes, meus hobbies e me impedindo de ser “eu”. Entrei em depressão por achar que não poderia mais ser o personagem com que me reconhecia. Parei de sofrer quando aceitei minha nova condição. Ser equânime, trouxe paz em minha vida.
VJ – Existem vários tipos de linhas no campo da Yoga. Poderia explicar algumas delas e revelar qual Yoga você pratica?
FV – Sim. Existe o Bhakti Yoga (caminho de devoção a um Deus ou Mestre), Japa Yoga (o Yoga dos mantra que também tem cunho religioso e utiliza o canto dos mantras para concentrar a atenção), Jnana Yoga ( utiliza o autoconhecimento, estudo e debates para se chegar a sabedoria) e o Hatha Yoga (utiliza o corpo como ferramenta para explorar a vida interior) Este último, é o estilo que eu pratico.
VJ – Por que afinal há essa diferenciação entre modalidades de Yoga e como podemos enxergar isso?
FV – A prática é muito antiga e é normal que sofra influência dos mestres que a repassam ao longo dos anos. Dentro do estilo Hatha Yoga, existem divisões: Ashtanga, Iyengar, Power Yoga e por ai vai. São caminhos diferentes para o mesmo lugar. Apenas deve-se tomar cuidado com as aulas que visam a estética corporal ou contorcionismos circenses. Estes caminhos não levam a lugar algum.
VJ – Você tem um mestre, como Nisargadatta ou Ramana?
FV – Hermógenes. Foi o primeiro que eu li, é brasileiro e é humilde.
VJ – O que é preciso para ser um verdadeiro yogi?
FV – Não sei! Teremos que perguntar para um. Risos. Se você quer ser um verdadeiro, então não minta. Para ser Yogi, o meu mestre disse que era necessário calar a boca, sentar e meditar. Acrescento a atenção.
VJ – Qual é a sua religião? A Yoga mudou o seu pensar com relação à espiritualidade?
FV – Sou católico por batismo. Cansei de falar que era Ateu e que não gostava de religião. Percebi que o que eu não gosto é do fanatismo, da ignorância e do ser-humano mau-intencionado.
VJ – O que atrai você na cultura e religião indiana, além do Yoga?
FV – Ayurveda e o vegetarianismo.
VJ – Você tem uma namorada que acompanha você em quase todas as práticas esportivas. Conte um pouco mais sobre essa parceria.
FV – Nossa, é bom de mais. Quem pratica esportes individuais sabe como é chato estar sempre sozinho. E encontrar uma namorada na trilha, no mar ou subindo um morro, é complicado. Tive a sorte de reencontrar a Mariana que me acompanha em quase tudo e quando ela fica na areia nos dias storms ainda assume a câmera fotográfica. Como é bom ter a companhia de alguém! Ainda mais se é quem você ama.
VJ – O que você diria sobre o amor e a amizade?
FV – Essencial.
Fotos: Mariana Ferreira
Fonte: Vale Jornal